O apóstolo Paulo sabia muito bem o que dizia. Ele não blefava. Era bastante claro quando se referia ao seu relacionamento com Cristo, que vivia nele, se movia nele e existia nele, conforme enfatizou. A propósito, Paulo afirmou que já não vivia mais, mas Cristo vivia nele (“Vivo na fé do Filho de Deus, o qual me amou e a si mesmo se entregou por mim”).
Não consigo conceber como muitos autodenominados “evangélicos” se mostram tão indiferentes à pessoa de Cristo, incluindo aqueles que estão à frente de igrejas. No coração não dão lugar ao Senhor, e a mente de boa parte dos cristãos atuais não pensa “nas coisas que são do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus”.
Todos somos instruídos pelas Escrituras sobre nosso dever de seguir o exemplo do Mestre e andar em suas pisadas, mas raramente o fazemos. Após lavar os pés dos discípulos, Jesus explicou: “Eu vos dei o exemplo para que, assim como eu fiz, façais vós também”.
Paulo nos recomenda alcançar a estatura completa de Cristo, o que também negligenciamos, como se isso fosse uma utopia. Nunca lhe damos a primazia em todas as coisas e não o tornamos sequer o centro de nossas mensagens. Em vez disso, pregamos prosperidade e prometemos o céu na terra. A cosmovisão cristã não o abrange mais, e a falta de amor ao Bom Pastor tornou-se um mau exemplo para o rebanho.
Assim, os postulados bíblicos são relativizados. A mensagem da cruz, o poder do sangue, a vitória da ressurreição de Jesus e a esperança de sua segunda vinda parecem não nos incitar mais à santidade e à vigilância. Estamos mais preocupados com o nosso próprio bem-estar do que em fazermos “a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
Vejamos o que Paulo disse aos Romanos (14.8): “Se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos; de sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor”. Em nada tenhamos a nossa vida por preciosa, antes corramos a carreira que nos está proposta, vivendo para aquele que por nós morreu e ressuscitou.
Os seguidores de Jesus vivem como “mortos para o mundo, mas vivos para Deus”, na certeza de que “o viver é Cristo e o morrer, lucro”.
Por: Enoque Brandão – Pastor e Jornalista